O primeiro caminho a trilhar depois da decisão de montar uma campanha é: fazer uma análise da sua candidatura! O nome deste momento é diagnóstico. Aqui você vai identificar as forças e fraquezas da sua campanha.
Ferramenta para ajudar a entender o que é essencial na narrativa da campanha.
Canvas Eleitoral
Nesta etapa você deve ir a fundo no seu princípio ou na sua bandeira para analisar o propósito da sua candidatura.
Uma análise de candidatura é um passo que vem antes da sua campanha porque ela orienta a sua equipe no planejamento e estratégia. Uma vez que a análise de candidatura é feita, seu time e você podem elaborar materiais e ações para conquistar seus eleitores!
Mas como funciona isso na prática?
O ideal é que você faça essa análise de candidatura 8 meses antes da eleição.
No máximo até 6 meses antes da eleição!
Os desafios deste passo estão relacionados a identificar as coisas que ainda tem de fraqueza na sua campanha para melhorar!
A sinceridade é tudo nesta fase! Procure estar rodeada de pessoas que vão falar com sinceridade sobre o rumo que a sua campanha está tomando. Busque aquelas pessoas que você sabe que se sentem confortáveis para apontar o que precisa ser corrigido em você e na campanha.
É importante saber lidar com críticas construtivas. Elas ajudam você a reparar o que não está bom e seguir de uma forma melhor!
Aproveite a primeira reunião com o seu time para apresentar a primeira parte do diagnóstico.
Compartilhe a sua origem, história e trajetória com elas!
Fale abertamente à sua equipe o que você tem disponível para investir na sua campanha.
Dica: use as ferramentas corretas que te façam entender para onde sua campanha está caminhando, é a melhor forma de finalizar bem sua análise de candidatura.
A análise FOFA é uma técnica de planejamento que vai te ajudar muito a montar a estratégia da sua campanha eleitoral.
Análise FOFA, por que você deve fazer uma? Como fazer?
É importante saber a disponibilidade de tempo, interesse e como as suas apoiadoras podem te ajudar.
Lista para colocar os nomes de todas as pessoas da rede de contatos da candidata.
Modelo de Mapeamento de Apoiadoras
Tente realizar pesquisas quantitativas e qualitativas dos materiais da sua campanha. Se tiver pessoas da equipe que se disponibilizarem para conduzir essas pesquisas, conte com elas! A sugestão é que isso seja feito no período antes da campanha.
Já conseguiu identificar quais são as forças e fraquezas da sua causa?
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Conteúdo:
Alejandra Parra, Caio Tendolini, Flávia Tambor, Emília Marinho, Karin Vervuurt e Luciana Paes Elmais
Redação:
Victor Soares
Esses conteúdos foram desenvolvidos de forma colaborativa durante uma imersão, realizada em março de 2020, que contou com representantes de diversas organizações.
O Canvas Eleitoral é uma ferramenta inspirada no Business Model Canvas, que serve para desenvolver ou documentar um projeto de campanha eleitoral. Esta ferramenta irá te ajudar a definir o que é essencial para a narrativa da sua campanha.
O ideal é que esse Canvas seja preenchido por toda a equipe. Não se preocupe se não ficar perfeito na primeira vez, isso servirá de diagnóstico. Com o tempo vocês irão refinar as informações e este documento se tornará uma ferramenta de referência para toda a equipe.
O que você vai definir no Canvas: os princípios, causas e compromissos da sua campanha eleitoral, sua identidade eleitoral , informações básicas de custos e arrecadação de campanha, canais, metas de votos, além do perfil do seu público, definindo uma persona – aquela que é realmente a sua eleitora e quem você deve buscar durante a campanha. Um verdadeiro raio-x que resume todas as informações mais importantes da sua campanha.
Isso tudo vai te ajudar, sobretudo, a definir melhor a sua estratégia de comunicação e mobilização.
No canto superior direito da ferramenta você poderá fazer o download para impressão.
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Este conteúdo foi publicado originalmente em 2020. Revisado e atualizado em 2024.
Provavelmente você já ouviu falar sobre o termo “divisão sexual do trabalho”. É um pensamento socialmente construído de que existiria uma divisão natural separando o que é “trabalho de mulher” daquilo que é “trabalho de homem”. A divisão sexual do trabalho foi uma das barreiras que tivemos que superar para que fosse conquistado o direito de as mulheres votarem e se candidatarem.
O problema é que ela continua tendo consequências na formulação de políticas públicas e, principalmente, na divisão do espaço de discussão dentro da política institucional. Ou seja, existe uma “divisão sexual de pautas” na política, com mulheres eleitas tratando, majoritariamente, de temas como educação, cultura e assistência social e homens comandando as comissões e discussões sobre orçamento e finanças ou trabalho e serviço público, por exemplo.
Foi por se incomodar profundamente com isso que Ilka Teodoro, em sua campanha à deputada distrital do Distrito Federal em 2018, decidiu trazer os temas “de homem” pro centro do debate e de sua plataforma política. Candidata pela primeira vez, ela relacionou em toda a sua narrativa os temas de Orçamento, Segurança Pública e Mobilidade Urbana com os valores da transversalidade na qual acredita e defende – ou seja, interseção entre pautas de identidade e interseccionalidade.
Nasceu a campanha “A cidade é das mulheres”.
“Juntando essas variáveis, entendi que seria muito mais útil trazer essas pautas e relacioná-las à vivência pessoal de mulheres. Porque a verdade é que o que é bom para as mulheres, é bom pra todo mundo”, Ilka Teodoro.
Para dar corpo à ideia, Ilka trouxe para sua equipe de comunicação duas amigas que atuaram de maneira voluntária, a sua coordenadora de equipe e conteúdo e a pessoa que ficou responsável por levantar os dados que seriam necessários para validar e dar embasamento às propostas de campanha e à narrativa como um todo.
Foi a partir da pesquisa desses dados que todos os demais materiais foram produzidos, incluindo vídeos, redes sociais e gráficos. Além das duas coordenadoras, Ilka contratou 7 pessoas – social media, agenda, fotógrafa, designer, videomaker e editor de vídeo.
Já os demais trabalhos de mobilização foram todos realizados por um time de voluntários que se reuniam todas as semanas para sugerir pautas e novas ideias de como os temas Orçamento, Mobilidade e Segurança Pública dialogavam com suas experiências no dia-a-dia.
As eleitoras e eleitores passaram a se interessar pelos assuntos, promovendo um despertar do eleitorado para as questões levantadas. Ilka não foi eleita, mas recebeu 5.663 votos em uma campanha que durou apenas 50 dias, sem pré-campanha.
“Recomendo para todas as mulheres porque a gente precisa se apropriar dessa temática. Temos que compreender e saber de todas essas questões pra não ficarmos relegadas a espaços de confinamento”, Ilka Teodoro.
Conteúdo revisado em 16 de dezembro de 2023.
Os dados com informações sobre sua cidade, sobre seus eleitoras e até de seus adversários são fundamentais para você estruturar sua campanha e ter confiança nas suas propostas. E encontrá-los não é só buscar no “Google” e está feito.
Áurea Carolina entrou na política em busca de representatividade, respondendo a um chamado de responsabilidade, como ela mesma diz. Um chamado por mais mulheres, negras e periféricas na política, um chamado com foco em ouvir de fato as pessoas e concretizar o que as lutas populares buscam e precisam no cotidiano. Para Áurea, as vitórias nas urnas de 2016, como Vereadora na Câmara Municipal de Belo Horizonte, e de 2018, como Deputada Federal, provam que ouvir e apostar em lutas populares têm um potencial enorme.
“A minha entrada na política institucional vem na esteira de uma busca por representatividade. Nós temos o hábito de dizer que precisamos de mais mulheres na política, mais negras e periféricas, mas quem vai assumir essa tarefa se não nós? A minha decisão foi uma resposta a um chamado de responsabilidade. Não adianta falar que tem que ter, a gente precisa se colocar nesse lugar ”, Áurea Carolina, Deputada Federal.
Uma das iniciativas que foram ponto de partida para Áurea entrar na política institucional foi a participação na candidatura coletiva batizada como “As Muitas” , composta por 12 candidatas e candidatos da capital mineira. Você já ouviu falar em candidaturas coletivas? Elas são uma iniciativa inovadora no Brasil. Funciona assim: um grupo de pessoas com diferentes propostas, diferentes histórias e que gostaria de compartilhar e participar de processos de decisões apresentam juntas uma candidatura. Você pode ler mais sobre isso clicando aqui.
Nas eleições de 2018, Áurea participou novamente em uma campanha coletiva. Foram 12 candidatas comprometidas com a ampliação desse projeto. Desta vez, Áurea candidatou-se a Deputada Federal e foi eleita novamente. Segundo ela, nas duas campanhas o foco foi ouvir as pessoas e convidá-las para contribuir. Elas abriram canais ativos de comunicação e identificaram pessoas com as quais já conversavam e que precisavam saber da proposta do coletivo, traçando formas de se comunicar com todo mundo para não deixar ninguém de fora.
“Nas campanhas e no mandato nosso foco é ouvir as pessoas e concretizar o que as lutas populares constroem no cotidiano, criando canais para que movimentos, coletivos e associações da sociedade civil acessem esses espaços. Para construção dos programas de gestão, convidamos as pessoas para contribuir e buscamos saber os problemas nos territórios, denunciar injustiças, defender pautas urgentes e ser agentes colaboradoras a serviço dessas lutas ”, Áurea Carolina, Deputada Federal.
Outra grande estratégia durante a campanha foi a identidade visual. Segundo Áurea, tudo foi pensado, desde os núcleos, até a história que contaria para as pessoas, para trazer as trajetórias de luta, dentro das universidades, nos movimentos de mulheres, juventudes e de cultura . As cores e as narrativas foram construídas para serem muito bem usadas nas peças gráficas, no site da campanha e nos vídeos, buscando sempre mostrar o espírito de que uma outra política é possível.
“É muito importante que essa identidade tenha muito a ver com a candidata. Uma dica para as mulheres que estão se preparando para as eleições é: identifiquem na sua trajetória os elementos que são fortes para fazer “a cara” da sua campanha. Não é possível inventar do zero, tem que estar colado na sua imagem pessoal ”, Áurea Carolina, Deputada Federal.
Nós já te falamos por aqui sobre o que é identidade visual e a importância dela! Para além do estético, esse processo é fundamental para a construção da sua imagem e para você se comunicar com as suas eleitoras e eleitores. Clica aqui para ler todas as dicas de como fazer a sua!
Por fim, Áurea lembra que fazer política de forma coletiva é a única forma de dar certo, porque ninguém vai ter uma ideia mirabolante para conseguir resolver os problemas do povo. Para ela, a dica de ouro aqui é: ouvir!
“Precisamos construir escuta qualificada, fazer mediações e pressionar o sistema político a partir das lutas populares. Minha dica para mulheres, mulheres negras, LGBTI, indígenas, quilombolas, periféricas é que assumam o compromisso de fazer a política de forma mais ampla e inclusiva. Quando a gente se move, toda a estrutura da sociedade se move, porque questionamos a própria lógica do poder ”, Áurea Carolina, Deputada Federal.
Áurea participa do mandato coletivo, aberto e popular da Gabinetona1, em três esferas do legislativo, ao lado de outras três parlamentares – Cida Falabella e Bella Gonçalves, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, e Andréia de Jesus, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Atuam no projeto, ao todo, mais de 90 ativistas, trabalhadoras e pesquisadoras em estreito diálogo e cooperação com cidadãs e em sintonia com as lutas populares.
Em 2016, Áurea Carolina foi eleita vereadora em Belo Horizonte, com 17.420, alcançando a maior votação para a Câmara Municipal da capital mineira e tornando-se a mulher com maior número de votos da história da cidade. Em 2018, foi eleita deputada federal com 162.740 mil votos por Minas Gerais, sendo a mulher mais votada do estado e, novamente, a parlamentar mais votada na capital.
Conteúdo revisado em 16 de dezembro de 2023.
Você vai encontrar aqui na Im.pulsa diversos materiais que reforçam a importância da Narrativa e de como ela deve ser guiada por aquilo que você é, como pensa e o que defende. Pois a construção de uma narrativa forte e poderosa pode projetá-la para além das metas que esperava. Esse foi o caso da campanha A Liberdade é Feminista, de Mariana Janeiro, que concorreu ao cargo de deputada estadual em 2018.
Mariana, que não fez pré-campanha e assumiu o desafio no último minuto para registro das candidaturas, apostou pesado na interação via redes sociais para conquistar seu eleitorado. E a ideia deu certo – apesar de não ter sido eleita, o partido esperava um total de 1 mil votos para a candidatura dela e ela os surpreendeu com 11 mil votos na urna e uma base sólida de mais de 10 mil seguidores no Instagram.
Os resultados pavimentaram o caminho para que ela seja pré-candidata ao cargo de vereadora de Jundiaí (SP) agora em 2020 e com as melhores condições, com mais apoio da legenda e uma rede de mulheres apoiadoras na cidade.
Esse aí é o primeiro de tópico de atenção. Mariana aponta que a construção de uma narrativa e, consequentemente, da linguagem que utiliza para dialogar com o eleitorado só foi possível porque tudo refletia tim-tim por tim-tim o que ela acredita e pensa. Ou seja, a coisa toda foi orgânica e autêntica.
Essa é uma dica que a gente reforçou bastante nos materiais aqui na Im.pulsa. Sua campanha política não tem que ser apenas sobre você, ela tem que ser fiel à você – e isso só é possível, mana, com sinceridade e autoconhecimento.
No caso da Mariana, ela já tinha uma soma de fatores a seu favor. Já tinha experiência em ter trabalhado em campanhas, já tinha uma prévia com as questões partidárias, já tinha militância e uso das redes sociais há algum tempo.
Tanto que decidiu ser uma coordenadora de campanha própria e fez tudo com a ajuda de mais três pessoas no momento de comunicação e outras 15 em mobilização.
“As pessoas chegam na minha rede social sabendo quem eu sou. Minha imagem diz uma coisa, meu texto e minha linguagem diz a mesma coisa. Por isso existe a afinidade. As pessoas querem se conectar com histórias e se porventura é a história de uma candidata melhor ainda ”, Mariana Janeiro.
Inspire-se:
“É preciso saber com quem você fala, saber com quem você quer comunicar. Porque tem pessoas que você sabe que estão abertas à comunicação com você, tem pessoas que podem se abrir para aquilo que você defende e diz. Mas tem aquelas com as quais você nunca vai se comunicar. É preciso usar a linguagem nas redes como forma de buscar apenas os dois primeiros grupos ”, Mariana Janeiro.
Durante 2020, principalmente em um cenário de pandemia de Coronavírus, uma aposta da Mariana é que as redes sociais iriam ser um espaço ainda mais importante para divulgar plataformas eleitorais. E, não é que foi isso que aconteceu?
Conteúdo revisado em 16 de dezembro de 2023.