Você sabia que nós, mulheres, representamos 52% do eleitorado brasileiro? Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), seremos mais de 82,3 milhões de mulheres prontas para votar nas próximas eleições. Essa mesma representatividade, porém, não acontece nos cargos políticos. É claro que isso não demonstra a nossa incompetência ou falta de interesse. O índice é apenas um reflexo dos muitos anos de presença masculina e dominante em debates, entrevistas e programas políticos.

Apesar disso, a cada ano eleitoral, há um crescimento significativo de mulheres em cargos políticos. Nas eleições de 2018, por exemplo, tivemos um aumento de 52,6% em relação a 2014. Foram 290 mulheres eleitas. Mas ainda estamos muito longe do ideal, já que somos a maioria da população brasileira (51,1%) e nossa representatividade é de apenas 16,2% nas casas políticas.

Quando fazemos um filtro e passamos a considerar a eleição de mulheres negras, com deficiência (PCDs), indígenas e LGBTQIA+ os números são ainda mais desanimadores. No caso das mulheres negras, que representam 28% das mulheres brasileiras, apenas 8% das que se candidataram nas eleições municipais de 2020 foram eleitas. Já a primeira mulher indígena brasileira foi eleita apenas em 2018. Você já reparou que temos um cenário bastante problemático, certo?

Diante disso tudo, é importante destacar que a participação plena de todos os grupos é essencial para construirmos e sustentarmos democracias fortes. Portanto, ao votar em uma mulher, especialmente em mulheres de grupos minoritários, você irá contribuir para formulação de políticas que enfatizem a busca pelas igualdades de gênero, étnica e racial.

Além disso, já está comprovado que mais mulheres em cargos de liderança política proporcionam progressos nas áreas vitais de nossa sociedade. Portanto, que tal escolher uma mulher para representar você nas eleições de 2022? A seguir, vamos listar alguns sinais que ajudarão você no reconhecimento e escolha de uma candidata ideal. 

“IDEOLOGIA, EU QUERO UMA PRA VIVER” 

Ao parafrasear Cazuza, chegamos ao primeiro e principal sinal: é importante que você e sua candidata compartilhem dos mesmos ideais. Não faria sentido votar em alguém que não está alinhada aos seus anseios e reivindicações, não é mesmo? Uma das melhores formas de saber se, de fato, está ocorrendo esse “match político” é ter clareza sobre os seus posicionamentos e, assim, procurar todas as informações possíveis nas redes sociais e sites de pesquisa sobre a sua opção de voto. Lembre-se de avaliar, principalmente, o histórico do partido político em que a candidata está filiada, afinal, caso ela não seja eleita, o seu voto irá ajudar na eleição de outros candidatos do partido, já que o Brasil adota o voto proporcional para eleições de deputadas e vereadoras.   

LIDERANÇA E TRABALHO DURO 

Sabemos que não é fácil concorrer a cargos públicos. Levando em conta que somos, tradicionalmente, governadas por homens brancos, mudar esse cenário requer um trabalhinho. Porém, não é impossível, já que somos maioria de mulheres e negras no país. Com mobilização e consciência de gênero, iremos mudar essa estrutura! Então, sua candidata deve ter conhecimento de que não será uma caminhada fácil, mas que, mesmo assim, ela está disposta a percorrer esse caminho por você.

REPRESENTATIVIDADE IMPORTA 

Cerca de 10% da população brasileira se identifica como pessoas LGBTQIA+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT). Ou seja, é preciso que sua candidata tenha projetos voltados para grupos minoritários, da mesma forma que acolha, promova e participe de movimentos sociais. Não é raro aparecer, em época de eleições, pessoas com ideias progressistas, mas que não passam de um discurso bonito para conseguir apoio dos grupos sub-representados. Portanto, é essencial prestar bastante atenção nas ações de sua candidata ao longo de toda a campanha. 

VONTADE DE SERVIR 

O Brasil é um país extremamente desigual. As políticas públicas existentes não alcançam a todos que necessitam. Vale lembrar que é papel do agente público criar e acompanhar a execução de ações que beneficiem a população carente. Se não houver vontade genuína de servir, o mandato não será bem aproveitado. Pensando nisso, é indispensável que o plano de governo da sua candidata seja planejado a partir do diagnóstico da realidade, com as questões prioritárias em evidência.

E aí, deu bingo? Caso ainda esteja em dúvida sobre a escolha da sua candidata, aqui vão mais algumas dicas, que podem ajudar na sua decisão:

Como encontrar as informações relevantes de uma campanha? 

Sites e redes sociais da candidata: praticamente todas as candidatas têm sites e muitas estão nas redes sociais, como Instagram e TikTok. Considerando que essas são as maneiras mais diretas de interagir com os eleitores que buscam informações, você deve encontrar histórico político, projetos e apoiadores por lá. Sabendo que se trata de uma informação apresentada pela própria candidata, encare tudo como material de pesquisa e não tome nada como verdade absoluta logo de cara. 

Comerciais de televisão e rádio: apesar de estarmos conectados quase o tempo todo, TV e rádio ainda são os meios de comunicação mais fáceis de chegar à população carente. Ao ver ou ouvir um anúncio político, analise as informações apresentadas. Está muito diferente do que você viu nas redes sociais? Fique atenta. Como essa parcela da população tem pouco ou nenhum acesso a internet, pode ser enganada. Sendo assim, use isso a seu favor e tenha uma visão mais crítica.

Rodas de conversas: Melhor do que ler ou ouvir sobre a candidata é conversar diretamente com ela! Participe dos encontros promovidos e não se sinta intimidada. A época de campanha é feita justamente para conhecermos nossas futuras representantes. Caso a sua candidata esteja concorrendo a uma reeleição, procure saber quais projetos de lei foram de sua autoria ou tiveram a sua participação. Da mesma forma, pesquise sobre quais foram os seus votos em assuntos relevantes. 

Larissa Cosmo de Sousa