Por Bárbara Maia Pontes
Em contraponto a essas injustiças, busca-se a justiça climática ou a justiça socioambiental, que tem em seu cerne a ideia de garantir que nenhum grupo de pessoas seja afetado desproporcionalmente por consequências ambientais negativas – seja de operações econômicas, industriais, comerciais, políticas e/ou programas públicos.
Se a crise climática é urgente, ela é central em qualquer candidatura séria no atual momento, especialmente porque ela se relaciona profundamente com outras áreas: relações exteriores, comércio, ciência, tecnologia e direitos humanos, por exemplo. Apesar do desafio e complexidade do tema, isso também aponta para a urgência de candidaturas que tragam a pauta em suas agendas.
Na campanha presidencial de 2022, todos os principais candidatos à Presidência da República trouxeram, em seus planos de governo, propostas para o meio ambiente. Longe de ser um problema central apenas do Executivo Federal, a pauta é essencial a qualquer candidatura que tenha como foco o futuro do país, de sua população local e nacional, e do mundo.
Por essa razão, pensar sobre as causas, consequências e possíveis soluções para os problemas climáticos que estamos enfrentando na atualidade requer líderes preparados, criativos e, necessariamente, atentos a essa questão. É fundamental que eles a coloquem na agenda e no debate político e, especialmente, que compreendam que é preciso ter as melhores soluções – e soluções que incluam a todas, todos e todes – para os problemas climáticos e ambientais em nosso país.
Muitas iniciativas aparecem como supostas soluções para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, mas, na verdade, são falsas respostas, “maquiagens verdes”, políticas que reforçam privilégios e minimizam o problema, além de soluções individualistas, que perpetuam desigualdades ao invés de combatê-las.
Como, então, enfrentar essas questões com justiça ambiental? Chamando atenção para os principais responsáveis pela emissão (grandes produtores, corporações e bilionários); incorporando – nas agendas públicas agrícolas e agrárias, de habitação, saneamento e resíduos sólidos – a agenda ambiental, com princípios de equidade; incluindo atores sociais diversos nesse debate – para reconhecer as contribuições importantes que populações tradicionais podem ter para o cuidado ambiental; refletindo sobre medidas que realmente reconheçam os direitos e a participação ativa de pessoas e comunidade, especialmente, as mais atingidas pelo problema e as principais vítimas das desigualdades sociais.
É justamente porque os problemas ambientais nos afetam diariamente, e têm impactos nas vidas cotidianas dessa e das futuras gerações, que eles precisam estar no centro de nossa atenção, na agenda pública e governamental.
Em tempos eleitorais, isso é particularmente mais importante: a urgência da pauta climática deve ser uma preocupação fundamental para aqueles que irão ocupar os cargos políticos no Brasil de amanhã e que têm o dever de propor ações para reverter esse cenário, já no Brasil de hoje.
Não dá pra falar de justiça climática sem falar de ação – e ações para o agora. Seu plano de governo pautou essas questões?
Para se aprofundar
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Sobre a autora: Bárbara Maia Pontes é doutoranda em Ciência Política pela Universidade de Brasília, mestra em Estudos Urbanos e Regionais e bacharel em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Pesquisa temas ligados às políticas públicas, em especial, política de desenvolvimento, políticas sociais e política agrícola. Acredita que a luta pelo meio ambiente é a mais importante de nossa geração e que, com acesso a conhecimento e organização, podemos mudar a atual situação das coisas.
Conteúdo revisado em 15 de dezembro de 2023.