Por Israel Butler
A “disputa de narrativa” passou a ser uma expressão para caracterizar debates e versões de ideias, discursos e acontecimentos. Entretanto, seus sentidos não são igualmente compreendidos por todos. Sua definição e caracterização mais precisa são um dos pontos abordados na cartilha “Como Falar Sobre Espaço Cívico: Um Guia para a Sociedade Civil Progressista Enfrentar Campanhas de Difamação”, de Israel Butler. O autor identifica que a técnica da narrativa consiste em uma linha de raciocínio que usa uma estrutura específica de quatro partes (valores – problema – solução – chamada à ação), projetada para persuadir seu público-alvo a apoiar sua proposição e agir de acordo com ela. Butler destaca que uma narrativa dá enfoque aos valores, problemas e soluções de forma a atrair o público-alvo, fazendo com que ele adote a compreensão do fenômeno que se defende.
Essa e outras orientações valiosas compõem o guia sobre como a comunicação progressista pode ser mais efetiva e combater tanto a desinformação quanto ataques de opositores autoritários. O autor evidencia que a pesquisadora e especialista em criação e testes de mensagens para campanhas, Anat Shenker-Osorio, foi a base para a sua pesquisa.
O material completo está sendo disponibilizado pelo Instituto Novos Paradigmas, dentro do projeto Incide, com o original em inglês e versões traduzidas para o português e espanhol. Embora o Guia não tenha foco em campanhas políticas, muitos dos conselhos dados pelo autor destinados a OSCs (Organizações da Sociedade Civil) podem auxiliar a comunicação em diferentes instâncias e representações, como parlamentares, ativistas, movimentos e ações em redes sociais e outras mídias.
Israel Butler aborda diversas minúcias do setor das OSCs na União Europeia, trazendo dados de pesquisa, citações de acadêmicos importantes e insights muito oportunos sobre como se proteger de ataques, oferecendo repertório de maneiras das Organizações da Sociedade Civil usarem o discurso a favor de causas que podem parecer perdidas.
Abaixo, confira outras três orientações e aprendizados que o Guia reúne:
Referencial: esse termo é definido como modelo mental ou atalho, ou seja, é um recorte que sintetiza sentidos acionados quando nos remetemos a determinado ambiente, ideia ou valor. Usar o referencial baseado em valores é útil para promover uma narrativa, e ele dá exemplos práticos de como o fazer.
Linguagem: o desenvolvimento da narrativa precisa estabelecer conexão com valores por trás de padrões legais abstratos. Ativistas muitas vezes evocam princípios ou padrões que provavelmente só são conhecidos por seus apoiadores, o que pode tornar difícil, para o público, enxergar a conexão entre a sua causa e questões consideradas importantes.
Público-alvo: é imprescindível ajustar a mensagem a quem vai recebê-la. A respeito de questões morais, a sociedade pode ser dividida em três grupos: pessoas predispostas a apoiar firmemente a mesma posição que a sua (a base), as que são firmemente contra a sua posição (oposição) e as que têm opiniões contraditórias e podem ser convencidas a seguir qualquer um dos dois caminhos. Este grupo dos indecisos é geralmente o maior, independentemente do tópico abordado e, muitas vezes, pode ser dividido em subgrupos.
Como Falar Sobre Espaco Civico Guia Portugues
O Guia completo é dividido em quatro seções e um anexo: “Sobre Este Guia”, com uma espécie de resumo; “O que influencia a visão que a população tem das OSCs”; “Narrativas que podem estimular o apoio a OSCs e causas com que trabalham”; “Narrativas de campanha de difamação e como não reagir a elas”; e “Anexo: O estado da arte da pesquisa sobre a atitude da população em relação a OSCs e os fatores que influenciam sua credibilidade”.
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Autor: Israel Butler
Tradução: Instituto Novos Paradigmas
Difusão: Incide