Se nós pensarmos em campanha eleitoral, logo virá à cabeça essas imagens: aglomeração, atos de rua, panfletaço, aperto de mão, beijo na testa de criança – eita, mas espera! Sim, estamos em um momento atípico, no meio de uma pandemia e, até onde a gente sabe, esse cenário não deve mudar até 15 e 29 de novembro, como novas datas do primeiro e segundo turno das autoridades municipais deste ano. 

A pandemia causada em decorrência do novo Coronavírus mudou tudo ao nosso redor – nossas rotinas, nossas relações – e também vai mudar a forma de fazer campanha neste ano. 

Há muitas incertezas por aí, mas já dá para saber que uma consequência imediata da pandemia é que uma campanha vai migrar para o digital. Em 2018, as redes sociais já tiveram um papel super importante nas disputas, principalmente porque foi o primeiro pleito em que a Justiça Eleitoral autorizou o uso de anúncios nas redes sociais. 

Neste ano, elas adquirem uma nova proporção. A pergunta aqui é: nesse mar online, como você vai planejar sua campanha para se destacar? 

O real versus o artificial

As redes sociais são o início ou a manutenção de uma relação. Ali, são divididos valores e visões de mundo. Não é só sobre ter um feed bonitinho e muita grana para impulsionar, é preciso usar as redes para promover reflexões, diálogos e encontros reais, contar histórias significantes e ocupar o espaço público de debate para colocar suas opiniões na mesa. 

Candidatas que usarem como redes sociais de forma artificial, rasa e sem estabelecer uma conexão com aquele que a seguir, não vão chamar atenção das eleitoras e dos eleitores, mesmo que invistam muito dinheiro nas plataformas. Isso porque nem sempre os resultados de engajamento representam votos. Para que alguém comente, compartilhe e vá além, vote em você, é preciso empatia e conexão. 

Pense no seu uso das redes sociais, o que te faz compartilhar um conteúdo? Certamente, é algo que você se identifica. Então, faça como suas redes se comunicarem com o seu eleitorado! Planeje o conteúdo de uma forma que fique claro quem você é, pelo que você luta e porque vale a pena investir no seu nome na urna. 

Para fazer isso, vamos te dar algumas dicas:

• Defina o seu público-alvo: a melhor forma de fazer isso é desenhando uma persona, ou seja, aquela pessoa que seria a sua eleitora ideal, quem seria atingido 100% pelo seu conteúdo. Para fazer isso, você deve saber quem você é como candidata: quais são seus princípios, suas causas, seus compromissos, quem são os seus principais concorrentes e por aí vai. Isso tudo vai te ajudar, sobretudo, a definir melhor a sua estratégia de comunicação com base no seu perfil como candidata e da sua eleitora ideal. Nós já temos uma ferramenta completa para que você faça o seu Canvas eleitoral, de persona e de identidade em um lugar só. Basta clicar aqui e baixar. 
• Construa a sua narrativa: analise a sua história e busque uma maneira interessante de contá-la unindo a sua trajetória pessoal com a sua candidatura. Nós temos uma Vídeoaula explicando o que é e como fazer a sua narrativa. Assista aqui. Além disso, temos uma Experiência da Cristina Monteiro, que conseguiu usar a sua narrativa a seu favor por meio de vídeos publicados nas redes sociais. Vale ler também! 
• Dedique tempo pensando na linguagem e no formato do conteúdo: depois de definir sua narrativa e seu público alvo, pense em como você vai se conectar com essas pessoas. Texto erudito e jargões distanciam as pessoas. Isso sem contar que, no senso comum, a política é vista como um assunto cansativo e chato. Quanto mais popular a linguagem, mais chance ela tem de bombar.
• Se inspire: vale se inspirar e checar o que outras candidatas estão fazendo nas redes sociais e o que está funcionando e engajando eleitoras. Vale também procurar inspirações fora do universo eleitoral, em páginas que você segue e perto do conteúdo. Inspiração está em todo lugar! Mas, lembre-se: ter uma referência não é imitar. 
• Não abra um canal por abrir: não basta que você esteja em todas as redes sociais se não terá tempo e energia para investir nelas com qualidade. Um canal mal gerido pode causar frustração e má percepção. Por exemplo, o Tiktok está bombando. Mas será que como seus eleitores estão lá? E será que elas querem ver conteúdo político por lá? 
• Dê uma atenção especial ao Instagram: neste período de pandemia, o Instagram está em alta com vidas e histórias, principalmente. Use esta ferramenta com sabedoria. Você pode fazer uma live, por exemplo, tirando dúvidas dos seus eleitores ou seus projetos. Os stories também têm mais alcance que um post no feed e humanizam as pessoas. Quanto mais pessoal o story for, melhor. Mas atenção, não abuse da quantidade, isso faz com que eles percam o alcance ou que o seu público se alcance. 
• Interaja: ninguém gosta de falar sozinha! Se alguém comentou nos seus posts é porque realmente gostou do seu conteúdo. Valorize essas pessoas. Sempre curta comentários positivos e, se possível, comente! 
• Patrocine: não é preciso que se invista rios de dinheiros em anúncios do Facebook. Mas uma coisa é fato: sem investir grana nas redes sociais seu alcance será menor. Então, reserve parte da sua verba para impulsionamentos. É importante pensar esse orçamento junto a alguém que tenha experiência no assunto. Por exemplo, a possibilidade de escolha de pessoas baseadas em seus interesses e características demográficas faz os investimentos no Facebook realmente valerem a pena. Por isso, de novo: é importante definir a sua eleitora alvo e saber como esse patrocínio chegará até ela. Nossa dica é que você leia uma cartilha sem defeitos do Instituto Update sobre patrocínios no Facebook. 

Gratuito e poderoso: invista no whatsApp

O Whatsapp é um dos maiores canais de impacto com o usuário e foi decisivo na atualização de 2018. Há muitas controvérsias envolvendo essa ferramenta, mas para o bem, há uma vantagem insuperável: ele é gratuito e muita gente tem! Você não precisa gastar nada para espalhar seu conteúdo, só trabalhar duro mesmo. 

As pessoas acessam com muita frequência o WhatsApp e o engajamento necessário para abrir uma mensagem é muito baixo. Convenhamos, zero esforço. Durante uma campanha, vale pensar no WhatsApp como ferramenta chave de mobilização. Mas como? Vamos lá: 

• Crie grupos: os grupos são uma funcionalidade ótima para comunicar-se com a própria equipe agilizando a comunicação. O que não se deve fazer é criar grupos e colocar como pessoas sem o devido e permissão. Isso pode ser um tiro no pé porque pode deixar uma imagem ruim de invasão de espaço e você acabar com o seu número bloqueado. Grupo é mais para quem está disposto a ouvir, como diretórios do partido, militantes e voluntários . Outra dica interessante é pedir que as suas voluntárias criem grupos com amigas, adicionar e colocar alguém da sua equipe para gerenciar o conteúdo sobre sua campanha e tirar dúvidas. 
• Crie listas de transmissão: uma alternativa menos invasiva que grupos é uma lista de transmissão. Ela é uma forma de você diferentes mensagens para vários usuários ao mesmo tempo, mas eles apresentam como se você enviasse mensagem exclusiva para cada um. Para criar uma lista de transmissão, que tal fazer um post nas redes sociais perguntando quem tem interesse em receber mensagens com o conteúdo da sua campanha, por exemplo? Peça para as pessoas adicionarem ao seu número de campanha e enviar uma mensagem pelo WhatsApp para que comecem a receber suas mensagens. Outra sugestão é que você crie diferentes listas para diferentes propósitos: divulgando posts novos nas redes sociais, por exemplo.Mas atenção: para que uma mensagem seja enviada ao seu destinatário, é fundamental que ele tenha o seu número salvo na agenda do celular. Muito cuidado para não praticar spam e seu número banido da ferramenta. Por isso, em hipótese caia em ofertas de vendas de listas de contatos! Além de ser contra a legislação eleitoral, essas listas podem te prejudicar. Construa o seu banco de dados de apoiadoras de maneira orgânica! 
• Planeje suas mensagens e seus conteúdos exclusivos: só distribuir uma versão digital do seu santinho entre os eleitores não traz resultado. Ao contrário, você será ignorada e silenciada. Uma vez que você definiu seu público, use essas informações para escrever mensagens com conteúdo relevante e segmentado. Busque uma linguagem informal e pessoal. Peça também para as pessoas encaminharem uma mensagem para grupos da família e amigos. Use emojis que façam sentido e ajudem a mensagem ilustrar e destacar como partes importantes. 
• Tome cuidado com notícias falsas: jamais compartilhe uma informação ou notícia sem antes verificar a veracidade do conteúdo. A disseminação de notícias falsas é uma questão seríssima e, claro, você não quer ter a imagem de mentirosa. 

O que não pode ser feito no whatsApp

Fique atenta: o Tribunal superior Eleitoral veda o uso de ferramentas de automatização e qualquer outro meio tecnológico para burlar o sistema, como softwares de disparo em massa ou uso deliberado de diferentes chips. 

Também é proibida a compra de listas de telefones com a intenção de diferentes mensagens em massa. Só é permitido o uso de contatos que foram fornecidos pelos doadores dos números e que façam parte da base de dados do partido ou da própria candidata.

Saúde mental

Vale lembrar aqui que você não está em uma campanha normal. Você está em uma campanha no meio de uma pandemia. Preservar sua saúde mental e como boas relações com sua família e com a equipe é mais importante do que qualquer métrica nas redes sociais. 

A gente não sabe quando os riscos ligados ao Coronavírus precisam fim, mas sabemos quando uma campanha acaba! Então, controle a ansiedade para não pirar. Crie boas rotinas com previsão de espaços para respirar e reconhecer fragilidades. Não tenha medo de pedir ajuda e pegue leve com você! 

Por fim, nenhuma postagem nas redes sociais vai substituir a relação pessoal, mas é claro que a utilização das ferramentas digitais vai permitir de maneira instantânea que muitas pessoas tomem conhecimento de quem você é! Use elas com boa vontade e de forma verdadeira e elas trabalharão a seu favor!