Por Carol Steques
Por que devemos eleger mais mulheres?
O caminho até a paridade entre homens e mulheres, em espaços de poder, ainda é longo. Mas podemos ir juntas! Por isso, eleitora, precisamos de mulheres, como você, para mudar o futuro do país.
Você sabia que, apesar das mulheres representarem mais de 51% da população brasileira, ou seja, possuem o maior poder de voto nas urnas, o total de candidaturas femininas eleitas nas últimas eleições majoritárias, em 2022, não chegou nem perto da metade dos parlamentares masculinos? Das 1.711 candidaturas eleitas, somente 290 foram de mulheres, representando apenas 16,20% do total. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Essa desigualdade gritante no Legislativo faz com que a voz das mulheres seja cada vez mais silenciada e que as reivindicações femininas não sejam levadas adiante pelo governo. Conforme a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, “nenhum país prospera sem o engajamento das mulheres”. E, infelizmente, a política brasileira ainda é predominantemente masculina, o que dificulta ainda mais a inserção feminina nesses espaços de poder. Inclusive, muitas parlamentares sofrem com violência política de gênero e não conseguem sequer propor suas ideias.
Por isso, o voto feminino é fundamental para que o país se torne cada vez mais igualitário e representativo, já que o Brasil conta com uma “democracia representativa”, ou seja, a própria população escolhe os seus representantes de governo. Com o voto nas urnas, cada eleitora tem o poder de tentar mudar a sua realidade e transformar o país em um local mais inclusivo para as mulheres, revertendo o cenário machista que temos no Congresso Nacional.
Você sabia? Durante a legislatura anterior (de 2018 até 2022), dos 171 projetos de leis (PLs) apresentados por parlamentares homens em relação à vida das mulheres, 60 eram desfavoráveis. Isso representa um PL negativo a cada quatro apresentados.
E como podemos reverter esse cenário?
Com cada vez mais mulheres fazendo parte das esferas políticas! Portanto, é muito importante que todas as eleitoras estudem suas candidatas e entendam a importância do voto feminino. Com pouca representatividade na política, o Brasil está retrocedendo cada dia mais em relação aos direitos das mulheres.
Assim, será cada vez mais difícil que os parlamentares proponham leis e debates que visem melhores condições para a vida das brasileiras. E, claro, com mais parlamentares femininas no poder, aumentarão os projetos de lei que priorizam a saúde, o emprego e a vida das mulheres. Um pequeno voto na urna parece pouco, mas pode mudar a vida de milhares de brasileiras, seja escolhendo uma candidata ou uma candidatura coletiva.
Você sabe o que é uma candidatura coletiva?
Nesse modelo, ao invés de elegermos apenas uma representante ao votar, estaremos elegendo um grupo de representantes. Um exemplo de candidatura coletiva é a Bancada Feminista, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que conta com cinco candidatas. Juntas, elas estão concorrendo ao cargo de deputada estadual nas eleições de São Paulo. Porém, nas urnas, aparecerá apenas o nome e a foto de uma das representantes, que será a candidata oficialmente registrada no TSE, mas com o nome do coletivo ao lado.
As candidaturas coletivas são muito importantes. Conforme citei acima, ao invés de elegermos apenas uma candidata, estamos elegendo cinco mulheres. Com isso, há uma maior representatividade feminina no Legislativo. Porém, não significa que votar em uma candidatura coletiva, composta somente por mulheres, seja o suficiente para que as suas bandeiras, cara eleitora, sejam discutidas pelas parlamentares.
E como escolher minhas candidatas, então?
Muitas eleitoras acreditam que o fato de votar em uma candidata mulher – ou em uma candidatura coletiva feminina – já seja o suficiente para que as pautas consideradas relevantes no nosso universo entrem no debate. Mas isso é um engano.
Cada candidatura tem as suas pautas e bandeiras. Na hora de votarmos, temos que verificar o que as candidatas estão trazendo como propostas e quais são os seus ideais. Além disso, outra coisa fundamental a ser verificada é o partido ao qual a candidata pertence, se ele é de direita ou de esquerda, por exemplo, e se ele condiz com os seus ideais de vida.
Nas eleições de 2022, o Brasil teve duas mulheres concorrendo à Presidência do país, Simone Tebet (MDB – Movimento Democrático Brasileiro) e Soraya Thronicke (União Brasil). Apesar das duas candidatas ocuparem o mesmo cargo de senadora pelo estado do Mato Grosso do Sul, abordarem a representação feminina no poder e melhores condições para as brasileiras, ambas têm ideologias e ideias diferentes.
Pensando na segurança pública, por exemplo, em seu Plano de Governo, Simone não menciona uma política pública focada exclusivamente na segurança da mulher. Entre suas propostas, a política prevê a recriação do Ministério da Segurança Pública e o cancelamento dos decretos assinados pelo atual governo para maior flexibilização do porte e posse de armas. Já Soraya prevê algumas mudanças na área da segurança pública, como a criação de um fundo nacional para atendimento às vítimas de crimes e a ampliação do número de delegacias da mulher.
Mas, além das propostas de cada candidata, é muito importante que seja verificada a trajetória dessas parlamentares. Afinal, todas apresentam muito bem suas propostas, mas será que, na hora de colocar em prática, isso também acontecerá? Por isso, é importante analisar quais projetos de leis já foram criados pela candidata e qual era o foco de cada um. Mais do que isso, eleitora: se essas leis condizem com a sua forma de ver o mundo.
Por exemplo: se você acredita que o melhor para a população brasileira seja o fim do desmatamento, procure candidatas que trabalhem com essa temática. Se você luta por mais creches, para que as mães trabalhadoras tenham onde deixar seus filhos, vote naquelas candidatas que tragam propostas que visem os direitos das trabalhadoras brasileiras.
O principal, para que o Brasil fique do jeitinho que você imagina, é encontrar representantes que se enquadrem nos seus ideais e que lutem para que isso aconteça dentro das esferas públicas.
A história de cada candidata é fundamental. Mas a visão de cada uma para o futuro também é.
Você já parou para pensar no que você almeja para o futuro? Mais segurança no transporte coletivo? Saúde pública funcionando de forma rápida e eficiente? Salários igualitários entre homens e mulheres? Pense nas suas lutas e batalhas e encontre uma candidata que tenha a mesma visão de mundo que você.
Para isso, também é necessário verificar a ideologia política da candidata. Atualmente, o Brasil está muito polarizado entre direita e esquerda. Porém, existem outras ideologias que compõem os espectros políticos dos partidos. Confira:
Portanto, é fundamental analisar o partido da candidata e ver em qual espectro ele se enquadra, para, assim, compreender se esse grupo também está alinhado com as reivindicações que você busca.
Se você busca uma proposta que seja do espectro de centro-esquerda, ela dificilmente será levantada por uma candidata de um partido de direita e vice-versa. Por isso que a análise minuciosa da candidata e de seu respectivo partido é fundamental para que as suas reivindicações sejam debatidas no Legislativo.
Em busca de um país mais igualitário e representativo, analise bem suas candidatas e as ideias de cada uma. Por fim, vote nas que melhor representem seus ideais.
Boa sorte!
Sobre a autora: Carol Steques é jornalista e pós-graduanda em Mídia, Política e Sociedade pela Fundação Escola Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
Sobre a autora: Carol Steques é jornalista e pós-graduanda em Mídia, Política e Sociedade pela Fundação Escola Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
Conteúdo revisado em 12 de dezembro de 2023.