De ativista social à candidata política, assim começa a jornada de Thais Ferreira que se candidatou a deputada estadual no Rio de Janeiro, em 2018 e, foi eleita vereadora da cidade do Rio, em 2020. Líder comunitária há 14 anos e à frente do projeto social Mãe Mais, voltado para mães e crianças de áreas vulneráveis da capital carioca, ela viu na política uma forma de potencializar iniciativas como essa e transformá-las em políticas públicas, levando-as para ainda mais pessoas.
Com uma campanha de baixo custo, sem apoio partidário, Thais conseguiu dinheiro por meio de financiamento coletivo e, o mais importante, traçou uma estratégia de comunicação para chegar até as suas eleitoras e conscientizá-las do porquê investir e votar em uma mulher preta, periférica e mãe.
A estratégia não era trabalhar o pedido de votos. Espera! Como assim? Assim mesmo. Thais e sua rede de apoio buscavam educar politicamente suas eleitoras. Com uma comunicação acessível, elas explicavam, com postagens no Facebook e vídeos curtos no WhatsApp, como funciona o legislativo, o papel de uma deputada estadual e a importância da fiscalização daquelas que elegemos, por exemplo.
”A nossa principal ideia era compartilhar a educação política para que as pessoas começassem a ter uma referência positiva sobre candidaturas, sobre figuras públicas. Aí, a primeira referência positiva que vinha na cabeça dela, logicamente, era a nossa candidatura”.
Veja o vídeo da Thais no Facebook
E a estratégia não parou por aí. Nas redes sociais e no material distribuído, a personalidade da candidata estava impressa: foram definidas cores para a campanha com base no estilo de roupas de Thais e os textos dos conteúdos eram redigidos no tom da linguagem dos territórios em que ela transita e na maneira como ela fala. E isso acabou por, também, ter muito a ver com o eleitorado de Thais.
“Eu sou essa mulher preta, colorida, de cabelo black e que fala gíria, fala de assunto sério e que tá ali comendo churrasquinho na rua real oficial, tá correndo atrás do ônibus”.
Para dar corpo a sua ideia, a equipe de voluntárias estudou e aprofundou seus conhecimentos sobre as pautas da campanha para traduzi-las de uma forma acessível e simples. Além disso, todos tinham acesso a um manual sobre as cores e falas preferenciais da campanha, para reproduzi-las nas ruas facilmente.
Exemplo de posts
Como fazer
Dica 1:
Cerque-se de pessoas que tenham boas habilidades e talentos, como de comunicação, financeiro ou gerenciamento de pessoas. Você não precisa necessariamente apenas do apoio de quem tem experiência em fazer campanha, mas sim de pessoas comprometidas com a transformação social. Para Thais, esse foi o principal pilar de sustentação da sua campanha até o final.
Dica 2:
Ao escolher suas pautas de campanha, use aquelas que refletem a sua realidade e a do seu eleitorado. Dialogar sobre o que eles entendem e sobre os reais problemas daquela região são a oportunidade de ter sua candidatura reconhecida e valorizada por suas eleitoras e eleitores.
Dica 3:
Seja criativa! Já falamos aqui na Im.pulsa que a criatividade é a melhor amiga da falta de grana. E a Thais confirma: dá para se fazer muito com pouco se utilizar a criatividade. Outra dica dela é: não desperdice nenhuma ideia. Porque mesmo que a sugestão não seja ideal para aquele momento, pode ser utilizada em outra ocasião, então salve no repertório.
Resultado
As eleitoras e eleitores passaram a se interessar e se informar pelas pautas apresentadas durante a candidatura. Thais não foi eleita em 2018, mas recebeu 24.759 votos. E foi a primeira suplente. Atualmente, ela é vereadora no Rio de Janeiro, foi eleita em 2020 com 14.284 votos.
”A gente sabe que o dinheiro e a estrutura ainda vão demorar a chegar. O que a gente precisa é de gente consciente, ativa e acreditando que a sua incidência política através do voto vai ser efetiva para a transformação social que a gente precisa”.